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quinta-feira, 25 de junho de 2009

Ruas com vida

Por esses dias estava andando no centro de São Paulo e fui abordado por uma senhora com seus 74 ou 75 anos. Ela me perguntou se eu teria algumas moedas para dar a ela, sem hesitar dei-lhe algumas que tinha em meu bolso e ela soltou um: "Deus lhe abençoe, meu filho". Curioso como sou, não fiquei satisfeito em apenas receber tal bênção, segui a senhora até a entrada do terminal de ônibus do centro e perguntei o porquê de ela ainda pedir esmolas, apesar da idade. Pergunta tola, ela pede pois não tem condições de se manter sem fazer isso.
A história de dona Joaquina, nome da referida senhora do momento, é semelhante à muitas das pessoas que vivem naquela região da cidade. Ela fora casada com um homem de muitas posses, um rico comerciante de móveis que morreu há 30 anos. Nunca quis ter filhos. O marido queria, pensava em quem ia deixar as lojas que tinha na década de 70. Quando morreu, seu Bernardino não tinha mais suas posses. A falência atacou a família porque sucessivos golpes de calote eram aplicados na loja do comerciante. Sem conseguir equilibrar suas finanças, o comerciante foi obrigado a fechar as portas. Sem dinheiro e sem rumo, Bernardino morreu. Para dona Joaquina, morreu de tristeza.
Desde então, sem ninguém para ajudá-la, sem irmãs, primos, tias ou tios e nem mesmo filhos, Joaquina vive na rua. Ela me disse que normalmente se acomoda nas imediações da Praça da República. "Às vezes vou também para umas ruas próximas da Rio Branco, lá é traquilo pra gente de rua".
Muito inquieta, dona Joaquina disse estar com muita fome, me despeço com um largo sorriso e a agradeço. Ela sorri e me abençoa mais uma vez, mas dessa vez quem precisa mais da bênção é a senhora, dona Joaquina.




Por Lucas Meloni