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segunda-feira, 5 de outubro de 2009

O Casarão nº 8

Da sala de um velho casarão no número 8 da rua Heitor Penteado, ouvia-se gritos e choros. À primeira vista parecia se tratar de uma casa assombrada por espíritos. Mas só à primeira vista. “Sentimento, o povo quer sentimento, pessoal”, grita um homem.
Depois do grito se estabeleceu um silêncio profundo, as luzes, que timidamente existiam, estavam acesas, resta saber até quando. Na rua, a tranquilidade reinava, ouvia-se poucos passos de transeuntes da noite. O clima não era nem de muito calor nem de muito frio, era um meio termo.
De repente os gritos voltam, agora acompanhados de palmas, muitas palmas. O barulho era orquestrado por um grupo de apaixonados que estava numa sala do casarão número 8. “Ser ou não ser: essa é a minha questão”, disse um jovem parafraseando o princípe da Dinamarca.
Diante da entrada, o portão principal era aberto. Um seleto grupo com roupas meio rasgadas entrava. Estavam felizes, alguns esboçavam no rosto um sorriso, mas todos andavam de pressa. Ninguém na vizinhança poderia saber o que se passava ali.
Na espaçosa sala, todos sentavam no chão. Não havia cadeiras, afinal tratava-se de uma casa abandonada. As luzes agora estavam apagadas. Uma jovem loira e com uma saia bem grande passa a dedilhar um violão, a música bem simples era a ilustração perfeita daquele momento. O ritmo era cigano, com o tocar do violão, três belas meninas saíram de trás de uma porta. Elas traziam junto ao corpo lenços que se mexiam conforme os corpos de suas portadoras se movimentavam. As pessoas ao chão só observavam.
A música ficou mais forte mas agora as meninas já não dançavam mais, na frente de todos não havia uma alma visível sequer. Ouvia-se a música e esperava-se algo. E algo aconteceu, entram duas pessoas e soltam frases perdidas. Alguns levantam e aplaudem em pé. Mas o que é isso? Uma manifestação religiosa? Uma escola? Um grupo comemorando um aniversário?
Duas horas depois das primeiras palmas, oito pessoas se curvam em forma de agradecimento. O público aprova essa peça amadora, aqui ainda feita em casa abandonada, mas há muitas, infelizmente, que acontecem na própria rua. Por hoje é isso, amanhã ninguém sabe.

domingo, 4 de outubro de 2009

Três são investigados por vazamento do Enem

Após a suspensão do Exame Nacional do Ensino Médio, Enem, as investigações sobre quem teria repassado a prova para dois homens acusados de vendê-la para uma jornalista de O Estado de S. Paulo continuam. A gráfica Plural, responsável pela impressão do material para o estado de São Paulo, vai entregar à Polícia Federal cerca de 1.200 horas de gravação de câmeras de segurança para análise. A informação é do diretor da gráfica, Carlos Jacomine.
Segundo o diretor, o funcionário da gráfica pode ter roubado a prova em um dos turnos de seu trabalho. “Esse suspeito trabalhou à noite aqui, e eu entendo que sim, é muito possível que a gente tenha registrado isso em filme”, disse Jacomine.
A reportagem do Estadão fotografou um dos suspeitos pela venda da prova, o rapaz é
Felipe Pradella, segurança do Connasel, consórcio autorizado para preparação e distribuição do exame em todo o país.
A gráfica Plural tem 800 funcionários e destacou 500 para a impressão do Enem. O diretor afirma que medidas de seguranças foram tomadas justamente para evitar o vazamento do exame. Os funcionários chegaram a assinar um termo de responsabilidade e confidencialidade. Havia revistas para se ter acesso ao material da prova, para que pessoas portadoras de celulares, máquinas fotográficas ou objetos metálicos não tivessem acesso ao conteúdo.
Carlos Jacomine foi chamado pela PF ver se um dos suspeitos era funcionário da Plural. “Após uma avaliação feita aqui na empresa, a gente concluiu que o suspeito não é nosso profissional (...) Após a polícia investigar, tá se concluindo que ele pertenceu à segurança do consórcio”, disse o diretor.
As investigações sobre os suspeitos e como a prova teria saído das dependências da gráfica continuam.